O preconceito contra pessoas com deficiência nas empresas é uma realidade. A discriminação, também conhecida como capacitismo, deve ser combatida pelo RH por meio de boas práticas para tornar o ambiente de trabalho mais saudável, saiba como.
O que é o preconceito contra pessoas com deficiência nas empresas?
Direto ou não, o preconceito contra pessoas com deficiência no ambiente de trabalho mostra a ignorância de muitos colaboradores em não perceber o grande potencial desse grupo. A limitação, seja física ou cognitiva, é acima de tudo, apenas um detalhe frente à força de vontade que esses indivíduos têm de somar à empresa.
Pequenos gestos ou falas que no dia a dia não soam como preconceituosas, na verdade são e carregam com elas uma cultura que vem desde as gerações mais antigas. Observe essas expressões:
- “Você não parece deficiente”;
- “Retardado”;
- “Não se faça de surdo”.
Essas falas são pequenos exemplos do quanto a comunicação e até mesmo as atitudes abrem, mesmo que sem intenção, espaço para o preconceito. No entanto, existem práticas que colaboram para o cenário de acessibilidade e democracia junto às pessoas com deficiência nas empresas.
Boas práticas contra o preconceito
Combater essa ação contra pessoas com deficiência nas empresas requer a adoção de boas práticas para que a luta seja diária. O que uma boa firma precisa, a fim de ser justa, igualitária e responsável é acabar com os preconceitos. Então, para isso a solução é ter constantes exemplos e ações pontuais na rotina de trabalho que trazem o tema à tona e promovam a conscientização de todos os membros das equipes.
Treinos de sensibilização
Promover ações de sensibilização de modo periódico é uma forma de ter o preconceito em discussão. Podem acontecer de forma segmentada, por exemplo, somente aos líderes de equipe. Assim como podem atender toda a empresa e incluir:
- Palestras;
- Dinâmicas.
O objetivo dos treinamentos é tornar o assunto o mais atual possível, a fim de que os colaboradores se conscientizem e se policiem de forma mútua.
Treinamentos da linguagem
Orientar a comunicação é essencial, já que as expressões do dia a dia carregam, por vezes, a fala preconceituosa que afeta quem possui alguma deficiência. Nesse sentido, a equipe de RH pode oferecer um workshop sobre o tema, criar um glossário digital e até mesmo pregar cartazes em áreas comuns que orientam a troca das expressões. É um exercício de treino, sem dúvida, para limpar a memória de frases não colaborativas.
Exclua o superprotecionismo
Às vezes, mesmo que de modo inconsciente, a empresa mantém os funcionários com deficiência dentro de uma “bolha” para que não estejam expostos ao preconceito. O mais comum nesse sentido é a criação de um setor inclusivo, em que só trabalham esses profissionais e isso é uma forma de capacitismo.
Promover a livre circulação e atuação é o necessário para o desenvolvimento pleno dos profissionais com deficiência, a fim de que se sintam incluídos. Da mesma forma, isso permite a troca de experiências e inibe, junto com as demais boas práticas, ações preconceituosas. A diversidade tem o poder de romper barreiras e a superproteção vai contra isso.
Reformule os planos de carreira
O plano de carreira é o sonho de todo colaborador e por isso, deve ser acessível a todos. Converse em conjunto com o funcionário com deficiência e a área de Gestão de Pessoas para entender os anseios, bem como as demandas dele. Dessa forma, é possível criar um plano que satisfaça o colaborador e que também atenda aos objetivos da empresa.
Diálogo e as pequenas adaptações
Trabalhar a comunicação para combater o preconceito é fundamental, ao passo que promover o diálogo constante entre empresa e funcionários é vital. A criação de canais de interação direta e ampla com a equipe é um meio de alinhar as expectativas, bem como de fornecer feedbacks, a fim de promover a evolução profissional.
Além da fala, é preciso pensar na adaptação do espaço físico. Um cadeirante precisa de um espaço mais amplo, assim como uma pessoa com deficiência visual também. Quando se pensa num ambiente de trabalho acessível, entende-se o livre trânsito. Por isso, adapte os cômodos e saiba que com pequenas mudanças, você já observa resultados efetivos.
Conteúdos sobre o tema
O diálogo sobre o preconceito contra pessoas com deficiência é cada vez mais acessível e você pode levar isso para a sua empresa por meio dos canais internos de comunicação como a intranet. Existem vários conteúdos na internet para fazer desse hábito uma prática em sua empresa.
Um deles é o canal do TEDx Talks no You Tube. As palestras são de curta duração, de 15 a 20 min e trabalham o tema de forma variada. Como exemplo, o TEDx de Rosana Bastos, que é ex-atleta da seleção brasileira de basquete em cadeira de rodas, atua junto à pauta da inclusão no ambiente de trabalho e no esporte.
Exemplos de empresas que lutam contra o preconceito para se inspirar
Tornar a empresa sócio-responsável e acessível não é mais um diferencial, mas sim uma obrigação de um negócio envolvido com as demandas do século XXI. Muitos exemplos de sucesso estão aí disponíveis para inspiração, a Ernst Young, por exemplo, é uma empresa estrangeira dona de boas práticas contra o preconceito. Ela investiu em diversas frentes para a inclusão e se tornou reconhecida por ações como:
- Tecnologia assistiva;
- Atendimento em libras;
- Programa de desenvolvimento de formação e absorção de novos profissionais.
O sucesso a nível mundial, no entanto, não é privilégio da Ernst Young. Aqui no Brasil, há bons exemplos de empresas que fazem a diferença ao promover um ambiente acessível e que combate o capacitismo das mais diferentes formas.
Natura
A política de inclusão da Natura possui metas internas de contratação, treinamento, assim como de adaptação. Isso torna a empresa uma referência à visão de mundo e força de trabalho, graças a sua diversidade. Em seu site, ela assina um compromisso de até 2050 ser sustentável e acessível em 100%. Essa meta, no entanto, para muitos especialistas, terá êxito antes do proposto.
Magazine Luiza
A empresa fundada por Luiza Trajano há anos trabalha com ações que promovem a inclusão, bem como combatem os preconceitos. De modo interno, conta com treinamento sobre a importância e a valorização da inclusão, o que promove o debate diário do tema de forma aberta e fomenta a conscientização.
Desde 2013, a empresa conta um programa de preparação de pessoas com deficiência para o mercado de trabalho. Boa parte dos participantes é contratado pelo próprio grupo, que hoje também é dono da NetShoes, assim como da Zattini e do aplicativo AIQFOME.
Elimine o preconceito da sua empresa
Você teve acesso a um pequeno guia de boas práticas e exemplos para inspirar o trabalho na sua empresa. Mas, esse combate é um ato contínuo, de observação diária. Quanto mais engajada a sua equipe é, menor é o espaço para o preconceito. Diante disso, envolva todos os seus colaboradores na promoção de um ambiente acolhedor, justo e inclusivo.