Falar sobre esse tema, é também analisar historicamente o surgimento de uma sociedade pautada em marginalização e falta de inclusão.
Quando o assunto é mulher, precisamos ressaltar que essas foram privadas da vida em sociedade por muito tempo, e que seu papel era basicamente procriar e cuidar da casa.
Mulheres não podiam trabalhar, não podiam votar, não podiam estudar, e eram objetificadas, estando sempre nas mãos de homens, que primeiramente eram seus pais, e posteriormente seus maridos.
As mulheres sofriam os mais variados controles, dentre eles:
- Controle doméstico: as mulheres deveriam servir e obedecer aos pais, e depois de casadas, esse encargo era repassado para a vida conjugal, sendo responsabilidade da esposa servir seu marido. O controle doméstico diz respeito até mesmo ao controle dos desejos sexuais, que obrigavam as mulheres a ter relações sexuais mesmo se não quisessem.
- Controle ao mercado de trabalho: as mulheres eram privadas de trabalhar fora de casa, “servindo” apenas para cuidar dos filhos e da casa, dando a ideia de que essa obrigação era exclusiva e inerente às mulheres.
- Controle ao acesso a locais públicos: as mulheres eram privadas de todas as liberdades, inclusive a de ir e vir. Alguns locais eram proibidos para o acesso das mulheres, como por exemplo, escolas, e locais destinados à discussão de políticas públicas, por exemplo. Esse controle se perfez até o surgimento da CF/88.
Diante desse cenário, se ser mulher já era muito difícil, imagina para as mulheres deficiêntes.
As mulheres e a conquista do mercado de trabalho: será que essa conquista também se estendeu às mulheres deficientes?
Falar sobre a conquista das mulheres é tratar das ondas feministas, onde as mulheres redescobriram sua importância, e começaram a reivindicar seus direitos, mas como ficava a situação das mulheres deficientes frente a tudo isso? Trabalho tardio, falta de oportunidades, e as pessoas com deficiência cada vez mais esquecidas. No início, a presença da mulher nas fábricas era conduzida por tratamentos extremamente insalubres, e indignos, que faziam com que centenas de mulheres perdessem suas vidas.
Até hoje sofremos o reflexo da nossa sociedade machista e patriarcal, que insiste em diminuir a importância da mulher, e relativizar sua importância.
Mesmo com tantas legislações, a s mulheres continuam sendo alvo de diferenças salariais, diferenças no tratamento, em em diversos aspectos da vida.
Mesmo que todo esse cenário pareça detestável, ele pode ficar ainda pior se colocarmos em cena as mulheres deficientes, que infelizmente sofrem por ser mulher, e por ter algum tipo de deficiência, vez que nossa sociedade insiste em ser misógina e desigual.
Afinal, quais legislações garantem o ingresso das mulheres deficientes no mercado de trabalho? Qual a realidade desse cenário?
Mulheres deficientes no mercado de trabalho
No Brasil, desde o ano de 1991, as empresas com mais de 100 funcionários são obrigadas a destinar de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência. A realidade é que, mesmo com mais de três décadas, a lei ainda não consegue ser cumprida, e quando falamos do mercado de trabalho para pessoas com deficiência, precisamos entender que elas ainda enfrentam muitos desafios, e as justificativas para isso podem ser as mais variadas, incluindo a falta de conhecimento da lei.
A lei de cotas garante o ingresso de pessoas com deficiência, mas será que por parte da empresa existe uma predileção entre o sexo feminino e masculino? Essa discussão sai um pouco da questão das mulheres deficientes, e entra no cenário das mulheres em geral. Até hoje as empresas insistem em fazer uma seletividade em razão do gênero, e não das qualificações.
Os reflexos do machismo atinge as mulheres sem distinção, e acabam atingindo duplamente a mulher em razão do sexo, e da sua deficiência.
Importância da inclusão das mulheres no mercado de trabalho
Estudos que têm sido realizados na área dos negócios, especialmente no que tange às pessoas com deficiência, e em especial as mulheres deficientes, indicam que os resultados das empresas inclusivas que trabalham a diversidade são indiscutivelmente melhores do que as empresas mais tradicionais. A pluralidade de ideias, opiniões, e formas de vida trabalham conjuntamente no desenvolvimento das equipes que somam suas forças em busca de melhores soluções para os problemas. Diversos e positivos são os impactos da contratação de mulheres deficientes nos resultados da empresa, especialmente por terem sido privadas desse direito por tanto tempo, e por isso abaixo citaremos apenas alguns que acreditamos serem mais importantes, porém, ainda existem muitos que não serão abordados neste artigo.
- A contratação de pessoas com deficiência, especialmente mulheres, melhora a imagem da empresa. Por isso, atualmente, preocupar-se com a diversidade e inclusão é essencial para tornarmos a sociedade mais justa fazendo jus à igualdade que tanto pregamos. Mudar a imagem da empresa desperta curiosidade tanto em quem procura uma oportunidade, quanto para as pessoas em geral, que incentivam esse tipo de trabalho. Consequentemente, isso aumenta a concorrência de forma significativa, pois quanto mais a empresa é inclusiva, mais pessoas têm interesse em trabalhar nesse ambiente, e mais funcionários extremamente capacitados querem ser integrados nesse ambiente.
- Motiva o bom relacionamento entre as pessoas: quando você, gestor, proporciona um ambiente acessível a todos dentro da empresa, faz com que diversas pessoas diferentes trabalhem juntas para um mesmo objetivo comum. Quando a equipe trabalha junto, de forma que todos se sintam incluídos, o ambiente empresarial se torna enriquecedor. Tanto pela troca de experiências pessoais, quanto para as relações no trabalho. Especialmente para as mulheres, que por tanto tempo foram privadas do trabalho, e encontram ainda mais dificuldades quando são pcds.
- Desenvolvimento de equipes mais criativas: é óbvio que a pluralidade de ideias desenvolve equipes mais criativas. Isso para o mundo empresarial é extremamente importante. Com o surgimento da diversidade nas empresas, pessoas diferentes começam a apresentar diferentes ideias para várias áreas. Seja na solução de conflitos, ou na criação de novas estratégias, quanto mais diverso o ambiente, mais ideias irão surgir e ajudar na solução dos problemas.
Gostou do nosso artigo sobre mulheres deficientes no mercado de trabalho? O resultado costuma ser muito enriquecedor, e na maioria das vezes mais benéfico do que em empresas que possuem uma padronização de funcionários com soluções sempre iguais. Bra desenvolver campanhas de conscientização?
A Iigual já incluiu mais de 20 mil pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A consultoria nasceu da experiência de vida do casal fundador Andrea Schwarz e Jaques Haber, quando Andrea se tornou cadeirante em 1998 aos 22 anos.
Somos especializados em ações de Inclusão e Diversidade com foco em recrutamento e seleção, palestras, treinamentos, acessibilidade física e digital, Censo da Inclusão e Diversidade e consultoria em D&I.
Conheça mais sobre o nosso trabalho e acesse as redes dos nossos fundadores:
Andrea Schwarz
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Jaques Haber