A desigualdade de gênero ainda é um tabu dentro das empresas. De fato, um estudo da Catho em 2021 apontou que a diferença salarial entre homens e mulheres chega a 34%. Dessa forma, gestores que querem uma equipe de trabalho diversa precisam pensar nessa questão.
A desigualdade de gênero ainda é uma realidade?
Uma realidade ainda presente é a desigualdade de gênero, já que as mulheres enfrentam diversos desafios no mercado de trabalho mesmo hoje. A falta de equidade de oportunidades inclui não apenas a diferença de salário entre ambos os gêneros.
Outros obstáculos são em relação à carreira e à maternidade. Hoje em dia, muitas empresas optaram por seguir com o modelo home office. No entanto, para o público feminino, a junção de trabalho, casa e filhos se tornou um problema.
Remuneração inferior x escolaridade alta
Segundo o IBGE, no terceiro trimestre de 2020, mais de oito milhões de mulheres deixaram os empregos, em comparação com 2019. Aliás, outro elemento que também é tabu é a questão da escolaridade, já que:
- 30% do gênero feminino possui nível superior e pós-graduação;
- enquanto o mesmo corresponde a apenas 24% dos homens.
Mesmo com uma qualificação inferior, os profissionais masculinos tendem a ganhar 52% a mais do que o feminino. Isso, inclusive, ao atuar na mesma função, ainda de acordo com a pesquisa da Catho.
O que é desigualdade de gênero?
A desigualdade de gênero refere-se às diferenças injustas e discriminatórias entre homens e mulheres em relação ao acesso a recursos, como:
- oportunidades;
- salário;
- direitos;
- cargos de trabalho.
Ela se manifesta em várias esferas, que incluem a social, econômica, política e cultural, e pode impactar a vida das pessoas de muitas formas.
A desigualdade se apresenta, em sua maioria, nas diferenças salariais, onde as mulheres muitas vezes recebem valores inferiores aos homens, mesmo que cumpram funções similares ou idênticas.
Oportunidades e divisão de trabalho
É comum, infelizmente, que as mulheres com frequência passem por dificuldades em acessar posições de liderança e cargos de alta responsabilidade.
Da mesma forma, até em casa as tarefas domésticas e de cuidado, em geral, recaem de maneira injusta sobre as mulheres, sem a mesma proporção, por exemplo.
Violência de gênero
Mulheres também são mais suscetíveis a passarem por violência física, sexual e emocional devido ao seu gênero. Ainda assim, em algumas regiões, meninas têm menos acesso à educação e serviços de saúde em relação aos meninos.
A participação das mulheres em posições políticas de poder, de forma frequente, é menor em relação aos homens. Isso porque, os estereótipos e normas culturais podem limitar as escolhas e chances das pessoas com base em seu gênero.
Desigualdade de gênero no Brasil
O problema também está presente no Brasil, que ainda é um dos países com um dos maiores índices de violência contra as mulheres. Nesse sentido, isso inclui:
- feminicídio;
- assédio;
- violência doméstica.
A cultura do machismo contribui para esse fator, como também a falta de cuidado com o tema. Isso porque, muitas mudanças já foram feitas, mas o fim desse problema continua longe.
Quais são as causas?
Em geral, são muitos fatores que levam a problemas com relação ao gênero, como contextos sociais, além de:
- culturais;
- políticos;
- misoginia.
A ausência de políticas e leis de proteção dos direitos das mulheres contribui para que esse problema ainda exista atualmente. Portanto, é um dever de todos ajudar na luta das mulheres e das minorias, para poderem ocupar cargos notáveis.
Há desigualdade de gênero na área de tecnologia?
Sabe-se que alguns setores do mercado de trabalho ainda não abriram totalmente as portas para as profissionais femininas, logo, a desigualdade de gênero ainda persiste. Um deles, por exemplo, é o ramo de tecnologia.
Mesmo na pandemia, com as contratações em ritmo constante, havia uma resistência em admitir mulheres. Acima de tudo, em cargos de liderança. Segundo a Catho, têm-se os seguintes dados:
- apenas 19% dos cargos na tecnologia são ocupados por mulheres;
- em média, o gênero feminino ganha cerca de 11% a menos que o masculino.
Em profissões como Engenharia de Sistemas Operacionais em Computação e Gerente de Desenvolvimento de Sistemas, elas recebem 33% e 18% a menos do que os homens. A ocupação dos cargos acima corresponde a 15% e 19% das mulheres somente.
Por que a desigualdade de gênero ainda é um tabu dentro das empresas?
O maior tabu de todos quando se fala da desigualdade de gênero e sobre a ascensão das mulheres ao mercado de trabalho ainda é em relação à maternidade.
Isso se mostra em um estudo da FGV que indica que metade das brasileiras são demitidas ou saem do emprego até dois anos depois da licença.
A razão disso é que muitas delas se sentem sabotadas pelas próprias empresas. Pois temem perder chances de subir na carreira ao pedir um tempo para cuidar do filho.
Como as empresas podem ajudar neste período?
O ideal é que um plano de licença maternidade tenha início antes que a mulher deixe o trabalho. Assim, deve-se considerar quem pode ocupar o lugar da mesma durante o afastamento.
A melhor alternativa não é um profissional que ocupa um cargo inferior, por exemplo. No entanto, muitas empresas investem neste tipo de estratégia.
Grandes marcas como a Natura, possuem os chamados gerentes itinerantes. Ou seja, pessoas que ocupam esses lugares vagos de forma provisória.
Essa ação reduz a concorrência, além do medo que o gênero feminino tem de solicitar uma licença. Afinal, não há mais o risco de que se perca o cargo enquanto estiver ausente.
Como lidar com esse mal no mercado de trabalho?
Em primeiro lugar, é ideal não apenas contratar as mulheres e pessoas de gêneros distintos, mas sim criar meios de treinar e desenvolver todos eles. Com isso, é mais fácil combater o problema.
Afinal, esse pequeno passo já pode ajudar a formar novas lideranças e mudar como o tema é tratado em um futuro breve.
Existe desigualdade de gênero no esporte?
O esporte é um dos maiores exemplos de desigualdade de gênero, pois atletas de alto nível do sexo masculino chegam a ganhar mais de 90% a mais que as mulheres.
Por exemplo, na última Copa do Mundo, veio a tona a diferença de salários entre Neymar e Marta, os maiores atletas do Brasil no futebol, o esporte que mais atrai holofotes sobre o país.
Por que combater a desigualdade de gênero nas empresas?
O combate a desigualdade de gênero pode resultar em um negócio mais produtivo. Uma pesquisa da McKinsey de nome “Women Matter” comprovou a alta produtividade das empresas que possuem mulheres em cargos de liderança. Ou em cargos de gestão.
Esse estudo contou com cerca de 900 negócios ao redor do mundo. Assim, tiveram como objetivo revelar dados relevantes entre diversidade de gênero em funções de liderança e a eficiência no ambiente de trabalho.
De modo resumido, constatou-se que as empresas com no mínimo três mulheres em altos cargos possuem mais pontos em quesitos como:
- cultura;
- liderança;
- motivação;
- inovação;
- clima;
- aprendizagem;
- capacitação.
Em outras palavras, os negócios que mais têm chances de sucesso são aqueles que investem na diversidade de gêneros dentro de sua cultura de trabalho. Ou seja, que veem valor nas diferenças e usam isso para serem mais eficientes, criativos e completos.
Como combater a desigualdade de gênero?
Para combater a desigualdade de gênero na raiz do problema, é preciso investir em educação e na formação dos futuros cidadãos.
Além disso, no caso das empresas, é crucial valorizar as mulheres que estão em cargos de poder, bem como, mudar a cultura da empresa e promover debates sobre o assunto.
Tenha uma equipe mais igualitária na questão de gênero
A melhor maneira de mudar essa realidade desigual é no processo de seleção. Independente de ser homem ou mulher, escolha os seus candidatos com base no foco e no desempenho.
Há pesquisas que comprovam que o sexo masculino conquista um cargo por ter apenas 60% das soft skills necessárias. Com as mulheres, isso chega a 100%. Isso quer dizer que as empresas contratam homens 40% menos qualificados para a mesma função.
Reverta este quadro
Antes de tudo, crie uma cultura de gênero diferente dentro do seu negócio. Ou seja, invista em ações como:
- Tenha espaços de amamentação e de recreação para crianças;
- Dê um padrão aos salários para ambos os gêneros;
- Inclua recrutadoras em seus processos de seleção;
- Ofereça palestras sobre igualdade entre homens e mulheres;
- Horários mais flexíveis para mães com filhos na creche;
- Amplie a experiência do trabalho remoto.
Também é interessante estimular os homens na questão da paternidade. Isso pode ser feito ao estender a licença masculina para além de apenas sete dias. Isso pode motivar a sua equipe de homens e mulheres e gerar, acima de tudo, melhores resultados para a empresa.
Vale a pena lutar contra a desigualdade de gênero?
Para acabar de vez com a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, treine o RH da sua empresa. Assim, adote uma postura mais adequada no processo de seleção com equidade de oportunidades. Por exemplo, não deixe de contratar uma profissional experiente por medo de que ela engravide.
Isso reduz as chances de que o seu negócio tenha o sucesso que se espera. Infelizmente, essa situação é o panorama real de muitas empresas. Mas, aplicar mudanças dentro deste setor, em especial, pode ser um bom passo à frente rumo a uma maior igualdade.
Esse tema ainda é sensível, mas a cada ano vem tomando mais força. Afinal, é de responsabilidade das organizações se esforçar para ter uma cultura menos desigual em seu dia a dia de trabalho.