É muito importante estabelecermos essa análise sobre o capacitismo e a cultuação de corpos perfeitos nos dias atuais. Na mesma direção que estamos sempre avançando as discussões em nossa sociedade, falar sobre a cultura dos corpos perfeitos é basicamente ir na contramão da realidade do que acontece com as pessoas com deficiência nos dias atuais, principalmente através do capacitismo que não cansa de se manifestar.
Infelizmente nossa sociedade sempre foi marcada por discriminações e marginalizações sociais para com todas as pessoas que não se encaixam nos padrões impostos por elas. O surgimento de blogueiras, atrizes de novela que levam uma vida perfeita, ou pelo menos simulam, criam para as pessoas a imagem daquilo que “todos gostariam de ser”, e se você não sente interesse nisso, é considerada “fora dos padrões”.
Porém com toda a inovação tecnológica e científica, hoje as pessoas mais bem afortunadas podem moldar seus corpos como uma massa de modelar que as crianças costumam brincar, tirando um pouco dali, preenchendo em outro lugar, afinando, aumentando, “criando” assim o corpo perfeito. Ainda que isso mude a vida da pessoa que deseja se encaixar nos padrões, esses procedimentos costumam ser perigosos, e matar milhares de pessoas.
Frente a esse tipo de problema, surgiram alguns movimentos favoráveis aos corpos reais, que existem foram dessa cultuação dos corpos perfeitos impostos pelos padrões.
Estamos no ano de 2021, e muitas pessoas começaram a repensar seu modo de viver e se aceitar. E o principal pensamento dessa época que vivemos é da cultuação dos corpos reais ao invés dos corpos perfeitos. Esse movimento é abrangente, e possibilita que todas as pessoas se sintam parte. É claro que ainda existem pessoas muito a quem de toda essa tentativa de humanização das pessoas e de seus corpos, e por isso precisamos discutir e incluir nessa e em todas as outras discussões o caso das pessoas com deficiência.
O capacitismo se manifesta ainda nos dias atuais sem limites, ou preocupações. As pessoas já não se escondem mais atrás de suas maldades, e não se envergonham mais por serem preconceituosas. Como uma repressão a tudo isso, existem as legislações cada vez mais protetivas, que devem sempre ser acionadas a fim de minimizar todo esse mal.
Mas afinal, o que é capacitismo? Como ele se manifesta em nossa sociedade, e o que esse capacitismo tem a ver com a cultuação dos corpos perfeitos?
Capacitismo é a caracterização da discriminação sofrida pelas pessoas com deficiência. Esse termo surgiu por conta de uma construção da sociedade que considera as pessoas sem deficiência “normais”, criando uma subestimação da capacidade e aptidão das pessoas com deficiência.
O capacitismo geralmente se manifesta através de comentários muito preconceituosos, mas que se escondem atrás de alguns “elogios”, que na realidade não o são, mas sim infantilização e falta de credibilidade depositada nas pessoas com deficiência.
Para entender melhor como esse capacitismo se mostra, podemos nos remeter a pequenas atitudes do nosso dia a dia, onde precisamos enfatizar, por exemplo, todas as pequenas conquistas de uma pessoa com deficiência de uma forma que não fazemos com as pessoas sem deficiência. É importante frisarmos que todas as pessoas merecem, e devem viver suas vidas normalmente, sem comparações o tempo todo. Se a nossa sociedade fosse minimamente preocupada com as garantias de igualdade e inclusão social, essa discussão não precisaria nem mesmo ser colocada em pauta.
A sociedade que busca perfeição e cultua os corpos perfeitos não tem tempo para enxergar a realidade que está a um palmo do seu nariz, pois está totalmente cega e obcecada por uma realidade que na verdade não existe.
A relação entre o capacitismo e essa busca por perfeição se dá justamente por conta da tentativa de infantilizar e subestimar as pessoas com deficiência. Comentários como “É tão linda, pena que está nessa cadeira de rodas”, ou até mesmo “ Com tantas limitações, como você pode se casar com uma mulher tão linda”, Toda essa construção social fez parte de uma marginalização muito dolorosa que se manifestou por anos em nossa sociedade, e infelizmente, tudo que está enraizado repercute os seus frutos nos dias atuais.
Por mais que esse tipo de pergunta pareça absurdo para você, para outras pessoas é totalmente comum, ou “não passam de brincadeiras” (bem de mal gosto, não é mesmo?)
Nossa sociedade ainda não evoluiu o suficiente para conseguir conviver com as pessoas com deficiência, e compreender isso já é um passo muito grande para entender o porquê de toda essa marginalização que se repercute até hoje.
Quanto mais esse assunto de capacitismo, marginalização, e cultuação de corpos perfeitos passam a ser falados, mais nos aproximamos da inclusão, pois somente assim somos capazes de evitar as manifestações tão constantes desse preconceito.
É necessário, além de colocarmos em pauta assuntos como o capacitismo, abordar algumas formas de evitá-lo. Por isso colocamos algumas dicas de como evitar a prática do capacitismo.
- As pcds não são incapazes;
- As formas de desenvolvimento de tarefas não são iguais para todas as pessoas, e cada uma pode desenvolvê-las ao seu modo;
- Antes de oferecer ajuda para uma PCD, deixe que ela se manifeste nesse sentido;
- Normalizar a convivência das PCDs na vida em sociedade deve ser uma tarefa de todos. As pcds têm vida sexual, namoram, saem, se divertem, bebem, normalmente;
- Deixe de lado a necessidade de falar para a pessoa com deficiência que ela é um exemplo de superação, afinal, ela não tem essa obrigação.
- Não fique valorizando todo tipo de atitude da pcd, isso pode mostrar que você não acreditava no potencial dessa pessoa;
- Ninguém é herói, nem mesmo os pcds. Elas só querem viver as suas vidas sem esse peso;
- O termo utilizado quando você deseja dizer o contrário de PCD não é pessoa normal, e sim pessoa sem deficiência.
Essas foram algumas dicas que separamos para você no artigo de hoje que é tão importante.
Você gostou do nosso artigo? Conseguiu entender a importância de compartilhá-lo com os seus amigos? Falar sobre o capacitismo na nossa sociedade está cada vez mais em pauta, e ainda precisamos reforçar a necessidade de debater esse assunto.
A Iigual já incluiu mais de 20 mil pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A consultoria nasceu da experiência de vida do casal fundador Andrea Schwarz e Jaques Haber, quando Andrea se tornou cadeirante em 1998 aos 22 anos.
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Jaques Haber