No artigo de hoje iremos trazer alguns aspectos do preconceito contra a pessoa com deficiência através do capacitismo e suas formas mais comuns de manifestação. Mas antes de entrarmos nesse tema, será que você sabe o que é capacitismo e como ele costuma se manifestar? Será que o capacitismo tem relação com a dificuldade de arrumar emprego para as pessoas com deficiência?
O que é capacitismo:
Capacitismo é a caracterização do preconceito sofrido pelas pessoas com deficiência. Esse termo surgiu por conta de uma construção da sociedade que considera as pessoas sem deficiência “normais”, criando uma subestimação da capacidade e aptidão das pessoas com deficiência. O capacitismo geralmente se manifesta através de comentários muito preconceituosos, mas que se escondem atrás de alguns “elogios”, que na realidade não são elogios, e sim infantilização e falta de credibilidade depositada nas pessoas com deficiência.
Parece complicado e difícil de acontecer, não é mesmo? Porém, traremos alguns exemplos para que você entenda como ele é comum.
A mera infantilização da pessoa com deficiência já é uma manifestação do capacitismo. Comentários como “Nossa, você vive como se fosse normal”, ou “As pessoas com síndrome de down são anjinhos”. A pessoa com deficiência não deve ter a sua limitação ligada a qualquer aspecto de sua personalidade, afinal, as pessoas não devem ser reduzidas somente às suas características como a sociedade adora fazer.
Entender sobre esses aspectos nos leva a compreender um pouco da realidade de cada pessoa que já passou por essa discriminação e sofrimento, e acima de tudo nos mostra a importância de discutirmos e trazermos à tona temas tão importantes e atuais.
O capacitismo como preconceito e discriminação se manifesta principalmente quando uma pessoa subestima a capacidade da outra pelo simples fato de ela ser pessoa com defciência.
Entender o que é capacitismo é muito importante, principalmente pelo fato de que, por não ser muito conhecido, acabamos praticando de forma involuntária. Como é o caso dos vieses inconscientes, o capacitismo também pode ser evitado quando compreendido e estudado.
A cultura capacitista ainda se manifesta muito na vida das pessoas com deficiência, por isso precisamos aprender como superar o capacitismo, pois involuntariamente ele pode atrapalhar a autonomia da PCD.
Existe relação entre o capacitismo e a falta de emprego para as pessoas com deficiência?
Infelizmente a resposta para essa pergunta é sim. Mesmo com a lei de cotas e com outras legislações que preveem a destinação de vagas para pessoas com deficiência, a realidade está bem longe de ser a ideal. Por mais que as empresas e outros estabelecimentos respeitem a lei de cotas, a realidade é que as pessoas ainda são muito preconceituosas, e acabam manifestando essas discriminações em atitudes que atrapalham o ingresso, ou a permanência das PCDs no ambiente de trabalho.
Por mais que a lei obrigue a contratação dos funcionários com deficiência, infelizmente ela não consegue fiscalizar se a permanência deste funcionário está sendo pacífica, respeitando a acessibilidade.
Para as pessoas com deficiência, o capacitismo atrapalha de forma significativa a convivência e a sua autonomia, fazendo com que essa pessoa se sinta incapaz e fragilizada, e por isso que precisamos combatê-lo para ontem. Para isso, algumas atitudes precisam ser mudadas, e precisamos começar agora mesmo.
Quando falamos sobre pessoas com deficiência é importante a conscientização de que ninguém tem a obrigação de ser exemplo de superação: quando vemos uma pessoa com deficiência lidando com seus objetos e se destacando em alguma área, costumamos usar esse fato como um exemplo de superação. A pessoa com deficiência não tem obrigação nenhuma de ser vista como uma superação, e isso geralmente ocorre porque nós supervalorizamos as deficiências, e admiramos até mesmo a execução de uma tarefa comum. É importante lembrar que a pessoa com deficiência está somente tentando viver sua vida, não está tentando se transformar em um super herói. Quando você elogia uma pessoa com deficiência porque ela está dançando, por exemplo, é uma forma de capacitismo, e não uma forma de elogio, afinal, você não sairia elogiando pessoas sem deficiência pelo simples fato de dançarem.
Qual o seu papel para colaborar para o fim do capacitismo:
- Não aceite e não seja conivente com brincadeiras que inferiorizam ou que tratam de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Quanto mais combatermos esse tipo de “brincadeira” que na realidade não é brincadeira, mais estaremos caminhando na direção correta.
- Fale sempre da importância da igualdade entre todos os tipos de pessoas. Você tem a obrigação de combater o preconceito e o capacitismo. Quanto mais pessoas nessa direção, menos pessoas estarão no caminho contrário, e sentirão medo de fazer certos tipos de brincadeiras.
- Evite presunções: sempre que estamos diante de uma pessoa com deficiência presumimos, ou encontramos alguém que presuma, que as capacidades dessa pessoa são limitadas. Deduzir que a pessoa com deficiência não pode ter uma vida normal por ser PCD é a forma mais natural de capacitismo que encontramos no dia a dia. Frase como “nossa, ela é deficiente mas vive a vida normalmente”, não é um incentivo, e sim uma discriminação que nos rodeia desde sempre. Evitar esse tipo de comentário é uma forma de diminuir algumas barreiras imaginárias que existem entre o PCD e a pessoa sem deficiência. Quebrar alguns “tabus” e deixar claro que todas as pessoas, com deficiência ou não, podem viver uma vida normal, dependendo apenas de cada pessoa decidir qual o melhor caminho para enfrentar as suas dificuldades.
- Nunca trate as deficiências como doenças. Pessoas sem deficiência costumam querer que a pessoa com deficiência passe por algum tipo ou processo de “cura”. A deficiência não é doença, seja ela de qualquer natureza. Antes de sair oferecendo tratamentos ou mudança, observe se a pessoa está interessada em realizar esse processo. Ao tratarmos as pessoas com deficiência como “doentes” estamos mais uma vez inferiorizando sua capacidade de desenvolvimento.
Gostou do nosso artigo sobre o capacitismo e sua relação com o desemprego? É simplesmente assustador pensar que em 2021 ainda precisamos conviver com tanta discrminiação. Você também deve ser protagonista da igualdade.
A Iigual já incluiu mais de 20 mil pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A consultoria nasceu da experiência de vida do casal fundador Andrea Schwarz e Jaques Haber, quando Andrea se tornou cadeirante em 1998 aos 22 anos.
Somos especializados em ações de Inclusão e Diversidade com foco em recrutamento e seleção, palestras, treinamentos, acessibilidade física e digital, Censo da Inclusão e Diversidade e consultoria em D&I.
Conheça mais sobre o nosso trabalho e acesse as redes dos nossos fundadores:
Andrea Schwarz
http://linkedin.com/in/andrea-schwarz
Jaques Haber