Podemos dizer que muitas palavras estão na moda para se referir a questões que precisam ser corrigidas. Algumas palavras como “racismo”, “sexismo” e outras palavras que frequentemente ouvimos falar. Mas você já ouviu falar em capacitismo?
Apesar de todas essas palavras se referirem a questões importantes que precisam ser levadas em conta, muitas vezes a questão do capacitismo não é lembrada. Mas o que essa palavra significa exatamente?
Capacitismo é a discriminação e o preconceito social contra pessoas com deficiência com base na crença de que as habilidades típicas são superiores. Em suma, o capacitismo está enraizado na suposição de que as pessoas com deficiência precisam de ‘conserto’ e define as pessoas por sua deficiência.
Assim como o racismo e o sexismo, classifica grupos inteiros de pessoas como ‘menos que’ e inclui estereótipos prejudiciais, o capacitismo destaca conceitos errôneos e generalizações de pessoas com deficiência.
Dentro deste âmbito, algumas expressões são utilizadas para se referir a pessoas com deficiência, mas determinadas expressões trazem à tona o preconceito das pessoas sem deficiência em relação às pessoas com deficiência.
Embora muitas dessas expressões não sejam usadas de forma mal intencionadas na maioria das vezes, as boas intenções não diminuem os danos.
Por isso fique com a gente e conheça algumas das expressões que devem ser evitadas no nosso dia a dia.
“Você não parece deficiente …”
Algumas condições não são visíveis e por isso muitas vezes as pessoas usam a expressão “você não parece deficiente…” achando que está ‘elogiando’ ou para privar a pessoa com deficiência de direitos adquiridos.
Se você quer elogiar uma pessoa com deficiência, faça isso por algo que ela fez ou disse, como você faria com uma pessoa sem deficiência.
O fato de alguém ser PCD não diminui a capacidade dela de realizar coisas que uma pessoa sem deficiência faz. Por isso, evite usar essa expressão achando que é um elogio.
Para as pessoas que usam essa expressão para privar a pessoa com deficiência de direitos adquiridos não precisa usar essa expressão. No momento certo a pessoa com deficiência vai apresentar a sua identificação para adquirir o seu direito.
“Confinado a uma cadeira de rodas”
Frases assim, pintam as cadeiras de rodas, dispositivos assistivos que dão às pessoas liberdade para se moverem independentemente, como aprisionamento.
Na verdade, muitos usuários de cadeiras de rodas dizem que sua cadeira de rodas é libertadora, pois é um dispositivo que permite que as pessoas com deficiência física se locomovam com independência.
Sendo assim, não use essa expressão de maneira alguma, pois se você usá-la vai estar distorcendo totalmente a utilidade de um objeto que você nem sequer conhece.
“Retardado”
A maioria das pessoas estão cientes de que a palavra retardado não é mais aceitável. E, no entanto, elas ainda dizem isso.
Pessoas com deficiência intelectual eram anteriormente chamadas de retardo mental. Esse termo está há muito desatualizado. A palavra retardado tem um significado incrivelmente negativo. As pessoas a usam para zombar das pessoas com deficiência.
É o mesmo que usar um termo depreciativo para descrever uma pessoa negra ou um membro da comunidade LGBTQ +. Você deve eliminar essa palavra de seu vocabulário e defender que as pessoas ao seu redor também não a utilizem.
“Aleijado ou inválido”
Essas palavras muitas vezes são usadas por pessoas sem deficiência, para se referirem a pessoas com deficiência. Porém, essas expressões são ofensivas e fogem de serem bem intencionadas.
Portanto, se você usa essas expressões ou conhece pessoas que usam, corte totalmente do seu vocabulário, pois são expressões totalmente preconceituosas que não devem ser ditas em nenhum ambiente e para ninguém.
“Deficiente”
“Deficiente” é um termo rejeitado há muito tempo pela comunidade de pessoas com deficiência, A palavra deficiente tem uma conotação negativa. Isso traz à mente uma pessoa que não é capaz ou não é capaz de funcionar como parte da sociedade.
Ele segrega as pessoas com deficiência e ignora sua personalidade. Mais uma vez, sugere que as pessoas com deficiência devem ser dignas de pena, em vez de apenas vistas como pessoas que podem precisar de acomodações diferentes.
Seria apropriado então evitar usar a expressão deficiente, para se referir a uma pessoa com deficiência. O termo correto é “pessoa com deficiência”, pois antes de qualquer coisa ela é uma pessoa.
“Sofrendo de uma deficiência”
As pessoas costumam usar essa expressão pois acham que as pessoas com deficiência sofrem por causa disso. No entanto, as pessoas com deficiência podem viver vidas gratificantes como qualquer outra pessoa.
As pessoas com deficiência não estão sofrendo, estão apenas vivendo a vida delas de uma maneira diferente. O sofrimento tem uma conotação negativa e implica falta de alegria para as pessoas com deficiência.
Também sugere que a vida delas é terrível e que elas precisam da sua pena. As pessoas com deficiência simplesmente vivem de maneira diferente. As pessoas com deficiência são seres humanos como qualquer outro e por isso devem ser tratados com igualdade.
“Ele parece tão normal”
Se você sugerir que uma pessoa com deficiência “parece normal”, você está insinuando que uma pessoa com deficiência é anormal. Você também está afirmando que apenas pessoas sem deficiência são “normais”.
Isso sugere que as pessoas com deficiência são “outras” ou menos. Pensar dessa forma é extremamente prejudicial para as pessoas com deficiência.
Muitas deficiências são “invisíveis”, o que significa que as pessoas com essas deficiências não têm características físicas visíveis. Isso não torna essas deficiências menos reais e também não te dá o direito de falar que a pessoa “parece normal”.
O uso de uma linguagem capacitista perpétua idéias negativas sobre as pessoas com deficiência. Essas expressões rotulam as pessoas com deficiência como anormais ou inferiores.
Sendo assim, não use as expressões apresentadas neste artigo, nem qualquer outra expressão que esteja ligada ao capacitismo.
Compartilhe esse artigo com outras pessoas para que elas também fiquem atentas às expressões que devemos banir do nosso vocabulário. Se você fizer isso, vai estar ajudando a divulgar informações de extrema importância e vai estar fazendo parte de uma grande mudança que está apenas começando.
A Iigual já incluiu mais de 20 mil pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A consultoria nasceu da experiência de vida do casal fundador Andrea Schwarz e Jaques Haber, quando Andrea se tornou cadeirante em 1998 aos 22 anos.
Somos especializados em ações de Inclusão e Diversidade com foco em recrutamento e seleção, palestras, treinamentos, acessibilidade física e digital, Censo da Inclusão e Diversidade e consultoria em D&I.
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Jaques Haber