Muitas pessoas com deficiência na história passaram por desafios que hoje parecem absurdos. Nesse sentido, influenciou o capacitismo, mas também motivou a busca por garantias mínimas. Então, saiba como se deu esse processo de conquistas e inclusão.
Como eram tratadas as pessoas com deficiência na história?
Nas culturas ocidentais, como a grega e a romana, por exemplo, a deficiência não era tolerada. Isso porque havia um ideal de que os homens deviam ser fortes para lutar nas guerras. Às mulheres, por sua vez, cabia a tarefa de gerar crianças saudáveis.
Por essa razão, era comum o abandono ou mesmo o sacrifício de crianças que não estavam dentro dos padrões. Inclusive essa previsão estava na Lei das Doze Tábuas, que foi a origem do direito romano.
Viés religioso
A partir da expansão da religião cristã pela Europa, essa visão mudou um pouco. Desse modo, a deficiência era tida como uma forma de punição divina sobre aquela pessoa.
O sacrifício de pessoas com deficiência deixou de ser uma prática. Isso porque a crença vigente era de que a vida seria uma forma de pagar pelos pecados. Então, esse grupo passou a ser visto e acolhido em instituições como conventos, por exemplo.
Povos orientais e as pessoas com deficiência na história
No Oriente, por outro lado, havia uma forma diferente de tratar as pessoas com deficiência na história. Ao contrário do que ocorreu no Ocidente, esse grupo não era excluído dos demais.
De acordo com o que conta a História, há registros da presença desse grupo em todos os níveis sociais. Ou seja, escravos, pessoas comuns e até faraós. Portanto, já nessa época havia um princípio de inclusão das pessoas na sociedade.
Índia
De modo similar, na cultura indiana, a presença de deficiências físicas é tida como um sinal divino. Nesse caso, não de uma forma negativa, mas sim como uma bênção por parte das divindades.
Um fato que merece destaque é que o país tem um dos maiores índices de pessoas com deficiência no mundo.
Conquista de direitos e equidade de oportunidades
A forma como se trata as pessoas com deficiência na história progrediu de forma lenta. Apesar de ter avanços ao atender ao menos o básico, foi só no século XIX que as mudanças foram mais visíveis.
Em algumas cidades já havia escolas para atender pessoas cegas e surdas. No entanto, com relação àquelas com restrições motoras ou cognitivas as medidas ainda eram nulas.
Pós-guerra
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, houve um grande número de pessoas com sequelas físicas. Então, o tema passou a ter maior relevo para as ações públicas de inclusão.
A partir da década de 1970, se mudou a forma de ver o tema. Isso porque, viu-se que a questão não era só biológica. Desse modo, o Modelo Social de Deficiência surgiu com a ideia de fazer a análise conjunta da estrutura da sociedade para lidar com o assunto.
Pessoas com deficiência na história do Brasil
No Brasil, até o século XVIII as pessoas com deficiência tinham que ficar restritas ao seu ambiente familiar. Foi a partir dos anos 1900 que se viu surgir entidades para dar assistência a esse público, tais como:
- Imperial Instituto dos Meninos Cegos;
- Hospício Dom Pedro II;
- Instituto dos Surdos-Mudos;
- Pavilhão-Escola Bourneville, com foco em crianças com deficiência física.
De início, apenas a cegueira e a surdez eram tidas como quadros que podiam ser superados. Com o tempo, passaram a incluir os problemas de origem mental e motora. Mas a filosofia que se seguia era de mera assistência, ou seja, não se visava a inclusão.
Poliomielite
O surto da doença levou o governo a pensar em formas de tratar as crianças com sequelas físicas. Então, surgiu um dos primeiros centros de reabilitação física do país. Desse modo, passou-se a adotar um modelo médico para tratar das deficiências.
Essa visão parte da ideia de que por meio de ações em saúde é possível reverter ou minimizar o problema. Ou seja, passou a tratar as pessoas como incapazes e dependentes desses recursos.
Tratados internacionais
Um dos primeiros tratados a garantir direitos às pessoas com deficiência na história foi feito pela ONU, Organização das Nações Unidas, em 1971. Nesse sentido, a Declaração dos Direitos da Pessoa com Deficiência Mental, previu entre outros pontos:
- Direito aos cuidados médicos;
- Proteção contra os abusos;
- Igualdade de condições.
Anos depois, em 2006, a ONU criou um novo texto, a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Em resumo, ele previu a obrigação dos Estados em promover a equidade de oportunidades.
Brasil
Na mesma linha das normas estrangeiras, o país criou o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Assim, a lei fixa os direitos básicos que se deve garantir a esse público, tais como a inclusão e acessibilidade.
Destaques entre as pessoas com deficiência na história
Alguns nomes de pessoas com deficiência na história provam que as limitações físicas não ditam o seu potencial. Então, veja a seguir alguns dos exemplos que merecem destaque.
Stephen Hawking
O cientista britânico soube ainda jovem que tinha uma doença degenerativa. Por isso, viveu boa parte da vida em uma cadeira de rodas. Ainda assim, deixou como legado estudos relevantes no ramo da física moderna.
Frida Kahlo
A pintora mexicana teve sequelas em razão da pólio que contraiu ainda criança. Por isso, uma de suas pernas era muito mais fina do que a outra. Além disso, ela sofreu um grave acidente quando adulta, que lhe causou várias lesões pelo corpo.
Isso não a fez desistir de pintar seus quadros. Inclusive uma de suas telas, chamada A coluna partida, foi feita a partir da visão que tinha ao ficar na cama.
Helen Keller
A escritora perdeu a visão e audição com apenas 19 meses de vida. Desde então, teve que lidar com muitos desafios para se comunicar. Apenas ao conhecer a tutora Anne Sullivan é que pôde aprimorar a fala e a escrita.
Ela lançou então sua própria biografia com o relato de tudo o que teve que superar. Então, é um exemplo de inspiração e autonomia para pessoas com deficiência.
Desafios das pessoas com deficiência na história e hoje
As pessoas com deficiência na história passaram por exclusão por parte dos demais. Apesar dos avanços, há um longo caminho a trilhar para que haja, de fato, equidade de oportunidades.
Ter uma educação inclusiva, por exemplo, ainda é um ponto a ser crucial para chegar ao objetivo. Afinal, esse é um dos meios pelos quais as pessoas podem se passar pelo processo de inclusão ao se inserir no trabalho e discutir os rumos políticos.
Representantes
Esse grupo precisa ter voz para conseguir obter as mudanças que almeja. Desse modo, uma das formas é atuar de forma ativa na política. Então, é urgente que haja pessoas com deficiência em vários setores sociais.