O processo seletivo é uma etapa importante para verificar se o candidato tem o perfil desejado pela empresa. Afinal, quando se trata de contratar uma pessoa com deficiência, é preciso adaptar algumas etapas, para promover a diversidade e inclusão nas equipes.
Quais os pontos essenciais de um processo seletivo?
De modo simples o recrutamento e seleção de candidatos inicia com a abertura da vaga e divulgação nos meios de escolha da empresa. Nesse ponto, o ideal é dar algumas informações básicas sobre a vaga, para que os currículos recebidos atendam ao perfil que deseja, tais como:
- Nível hierárquico;
- Área de formação;
- Tempo de experiência;
- Vaga destinada a pessoas com deficiência.
Na sequência, a equipe de Recursos Humanos inicia a seleção dos candidatos que mais se aproximam aos requisitos para começar a etapa de entrevistas.
O que muda no processo seletivo para pessoas com deficiência?
No processo seletivo voltado a pessoas com deficiência, as etapas iniciais seguem da mesma forma, porém é válido indicar se a vaga é exclusiva para esse grupo ou se está aberta a outros candidatos. Também é necessário verificar se a pessoa necessita de algum tipo de adaptação para acessar o local, bem como, para executar as funções em caso de contratação.
Quais são os maiores desafios no processo seletivo de pessoas com deficiência?
Mesmo que o tema da inclusão esteja cada vez mais presente nas empresas, a contratação de pessoas com deficiência ainda é um desafio em alguns casos. Então, veja a seguir os principais problemas que podem ocorrer ao longo do processo e como contornar cada um deles.
1 – Falta de acessibilidade
Esse aspecto se relaciona com a estrutura física do local, que pode dificultar o acesso para pessoas com mobilidade reduzida. Por isso, vale a pena mapear os espaços para verificar se é possível alterar o projeto para garantir a acessibilidade e incluir itens como:
- Rampas de acesso;
- Elevadores;
- Barras de sustentação em banheiros;
- Verificar a largura de portas e passagens.
Esses aspectos são essenciais não apenas para o processo seletivo, mas também em caso de contratação do candidato, que terá que se deslocar até a empresa. Caso seja viável, também é possível realizar essa etapa no formato online com o uso de aplicativos de videoconferência.
2 – Aspectos da vaga e salário
Isso ocorre em muitos casos quando a empresa veicula vagas para pessoas com deficiência apenas para cumprir com as cotas previstas na Lei de Cotas. Assim, a pessoa após a contratação é colocada em uma função aquém de suas capacidades, e ainda recebe um salário menor mesmo tendo o mesmo nível de entrega.
Para reverter esse cenário, é preciso aprofundar a discussão e mudar a cultura da empresa a respeito da inclusão. Dessa forma, esse é um trabalho que envolve todas as áreas, desde o RH, lideranças e os demais funcionários.
3 – Baixa adesão dos gestores
Outro fator que pode atrapalhar o processo seletivo é a falta de cooperação dos líderes das áreas correspondentes. Afinal, são eles que fornecem à equipe de seleção as informações que vão guiar a busca pelo candidato ideal, mas por vezes recusam pessoas sem avaliar suas competências.
4 – Falta de capacitação da equipe que conduz o processo seletivo
Um problema comum no recrutamento de pessoas com deficiência é a falta de preparo da própria equipe que conduz as entrevistas. Por isso, é essencial analisar no momento do contato para agendamento da entrevista questionar se a pessoa precisa de alguma adaptação em especial. Ainda, algumas dicas essenciais para esse momento são:
- Ter paciência caso a pessoa tenha alguma dificuldade na fala;
- Evitar o uso de termos pejorativos associados à deficiência;
- Se portar de forma profissional, sem tom capacitista;
- Questionar apenas o essencial sobre a deficiência, no que diz respeito ao trabalho.
Quais perguntas fazer em um processo seletivo de pessoas com deficiência?
Para fazer um processo seletivo inclusivo, é importante conhecer bem o candidato porque cada um tem um tipo de necessidade diferente. Por isso, o primeiro passo é não generalizar e focar as perguntas nos aspectos técnicos que tenham relação com a vaga, tais como:
- Quais as experiências anteriores;
- Os cursos que realizou;
- Expectativas com a atividade.
É possível fazer perguntas sobre a condição do candidato, mas só naquilo que for pertinente. Por exemplo, se a pessoa precisa de uma estação de trabalho adaptada ou ainda algum programa de leitura de tela no caso de deficiência visual.
Dicas para elaborar um roteiro para a entrevista
Para formular as perguntas do processo seletivo, vale então, montar um breve roteiro para não deixar passar nenhum ponto. De início, é crucial falar sobre a vaga e quais as atividades que vão fazer parte do dia a dia da empresa. Também é válido esclarecer sobre o formato de trabalho e o salário da vaga, para que a pessoa diga se quer seguir na seleção.
Na sequência, escuta-se o candidato sobre as suas competências e questiona-se se tem experiência na atividade. Mesmo que a resposta seja negativa, vale verificar se possui as características que a empresa busca, já que pode aprender com a experiência.
Como conduzir o processo seletivo de pessoas com deficiência?
No processo seletivo, é essencial manter o foco nas competências da pessoa, ao invés de fazer perguntas invasivas. Outra dica é se dirigir de forma direta ao candidato, ainda que ele vá com um acompanhante ou intérprete. Isso demonstra, portanto, mais conexão com a pessoa, que se sente bem recebida.
Gestores da área devem participar?
Convidar o líder do setor para a entrevista é uma boa forma de promover o primeiro contato entre ele e o candidato, já que vão trabalhar de forma direta. Assim, ele pode dar uma visão mais clara daquilo que espera para a posição e também conhecer mais sobre o perfil da pessoa.
Nesse caso, é importante que o RH tenha uma conversa prévia com o gestor, para alinhar o modo de abordar e questionar o entrevistado. Isso quando não há nenhuma ação na empresa para conscientizar os colaboradores sobre a inclusão das pessoas com deficiência. Desse modo, pode-se evitar o uso de expressões inadequadas ou perguntas que não tenham relação com a vaga.